Nem Deus, nem Diabo, Ferrovia da passividade: Relato de Dois Jovens em Rondônia.


Camila Felisberto Sousa
Rafael Ademir Oliveira de Andrade1

Muito mais importante do que os problemas sociais que abarcam este Estado é se iremos tratar a estrada de ferro Madeira-Mamoré deferrovia do diaboouferrovia de deus. Porque os milhares de cidadãos em condição miserável, os pedintes, os usuários de drogas, os jovens em contato com o mundo violento do tráfico, a educação e a saúde sempre reciclada pelos governantes devem esperar que Excelentíssimos artistas reunidos no Encontro das Fronteiras (e é o 2º!) decidam se a ferrovia é celestial ou abissal. Porque estas dificuldades sociais não são abarcadas por esta arte regional. Que de regional não tem nada.
Pois uma arte regional poderia até mesmo tratar destes assuntos, mas se preocuparia com os seres que estão (após) os espaços geográficos e os monumentos culturais, cultuados acima de tudo como pilares e deuses do progresso, que Rondônia está aquém, pois é indígena e ultrapassada. Os povos tradicionais devem ser lidos apenas como heróis, sacrificados em nome do progresso e como são preguiçosos aqueles que insistem em se chamar indígenas visandomamar nas tetas do governo.
Esta forma de arte local, preocupada em criar seus heróis, em pintar Rondônia para o Brasil e o mundo, pouco se preocupa com Rondônia. Se ela discute quem é o dono da Casa de Cultura ou do Mercado Cultural, se é bendita ou maldita ferrovia, se ela canta odes ao progresso que chegou com a ciência à atrasada e primitiva Rondônia, se Deus, o Deus cristão e não o deus das diversidades, está com eles ou não, como presidentes americanos em suas cadeiras, dominando o mundo que antes era sem cor. Estes artistas locais não dão cor à Rondônia, eles a deixam atrás da fala do Estado e do positivismo gritante de nossa sociedade excludente e alienante.
O pensador Foot Hardman2 aponta que é importante não cultuar a Estrada de Ferro como é de interesse destes artistas reunidos neste encontro das fronteiras, mas sim olhar para o passado e fazer uma referência direta ao presente. Coisa que não fazem nossos grandes artistas, e olha que eles viveram suas vidas parapensar Rondônia. Lá, reunido no calor das compras de Guajará Mirim, esqueceram das mortes que ocorreram nas obras da Ferrovia do DEABO.
Não sabem que duas justificativas foram decisivas para a construção de uma estrada de ferro no meio do “inferno verde”: primeiro, propiciar a todos um meio de transporte mais moderno (com maior rapidez, ‘menor custo’), segundo que subjaz a esse discurso, estava implícita a facilitação das relações comerciais. Assim o essencial na construção, inauguração e ativação das linhas ferroviárias era o desenvolvimento econômico (lograr uma forma de comercio mundial que fosse eficaz).
E como desenvolvimento econômico, voltado para o progresso, (como por exemplo, as usinas) ele visa melhorar o processo de acumulo de capital por parte de alguns, matando os animais e pessoas que forem necessários para o fim sagrado desta tarefa. E todatarefa sagradatem seus bardos, seus poetas e tem seus mortos, injustiçados. E por trás datarefa sagrada um porco burguês enriquecendo e o cidadão sendo oprimido.
Nós poderíamos esperar que os “bardos e escribas de Rondônia” partissem em defesa dos homens que morreram, dos homens que vivem, mas isso é utopia. Eles defendem a característica sagrada da missão do progresso, chamando a Ferrovia de “de Deus”. Assim como eles se calaram quando as Usinas vieram e poucos, alguns mais progressistas, foram registrar os erros já cometidos por todos nós.
Daqui uns anos, se curvem para esta visão profética, estarão os Excelentíssimos Acadêmicos e Poetas de Rondônia cultuando o progresso das Usinas de Deus, e não do Deabo, enquanto outros milhares de Rondonienses continuam a ser explorados pelos filhos das elites. Os filhos dos poetas bajulam os filhos da burguesia, e no fim, todos acabam por feder!

1 Acadêmica do curso de História. Acadêmico do Programa de Pós Graduação em Educação. Ambos estudantes da Universidade Federal de Rondônia.
2 A partir do livro “O Trem Fantasma”.

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Edital 004/CE/DCE/UNIR/2012

DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES DA UNIR
COMISSÃO ELEITORAL 2012

EDITAL 004/CE/DCE/UNIR/2012


SUSPENDE PARTE DOS PRAZOS DO PROCESSO ELEITORAL 2012


A Comissão Eleitoral, no uso de suas atribuições e considerando (I) a greve nacional deflagrada pelos professores das Instituições Federais de Ensino Superior, à qual aderiram os professores da UNIR; e (II) o Art. 54 do Regimento Eleitoral 2012, que trata dos casos omissos neste, vem tornar pública a decisão de suspender, pelo período em que durar a Greve dos Professores da UNIR, uma parte dos prazos do Processo Eleitoral DCE/UNIR/2012. Neste sentido, ficarão suspensas as seguintes datas:

  1. A data de 23 de maio para a indicação, por parte dos campi, dos respectivos mesários;
  2. A data de 28 de maio para a realização do debate entre as chapas;
  3. A data de 29 de maio para o fim do período de campanha eleitoral;
  4. A data de 31 de maio deste ano para a realização do processo de votação.

Ficarão os estudantes dos campi livres para a realização de suas respectivas assembleias no momento em que julgarem o mais adequado, até que se definam novos prazos, o que dar-se-á quando do retorno à normalidade das atividades acadêmicas.

Ficarão, da mesma forma, ambas as chapas homologadas para o Pleito livres para a realização de suas respectivas campanhas, pelo período em que durar a Greve dos Professores, devendo ser afixado novo prazo para o fim do período de campanha eleitoral quando da retomada das atividades acadêmicas.

Informa a Comissão que, quando do retorno da normalidade às atividades acadêmicas, novos prazos serão definidos, em conformidade com o que melhor atender ao interesse coletivo dos estudantes da UNIR.

A Comissão, por fim, encoraja a todos os estudantes à prestação do seu apoio à luta que se desenvolve entre os professores, considerando as justas bandeiras de reivindicação que estes levantam, bandeiras estas que, consideradas as políticas de sucateamento sistemático da Educação Superior Pública Brasileira que vêm sendo implantadas pelo Governo Federal nos últimos anos, atingem, de forma tão ou mais grave, também a nós, estudantes.

Registre-se. Publique-se. Cumpra-se.

  Porto Velho, 21 de maio de 2012.


Daniele Severo da Silva (em substituição a Aline Cristina de Almeida Lopes)


Alisson Diôni Gomes


Anderson Moronha Soares


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